Volume 2 - O Conde de Monte Cristo - Alexandre Dumas
Dentre os títulos disponíveis na coleção Clássicos da Literatura Juvenil, O Conde de Monte Cristo é um que oferece uma das visões mais detalhistas do movimento político da França do início do século XIX. Publicado em 1844, o segundo volume da coleção situa seu ambiente histórico nos dias que antecedem o período de cem dias do segundo governo de Napoleão Bonaparte, que havia sido derrubado de seu império francês porque se tornara impopular em decorrência dos altos impostos e do grande número de recrutamento de cidadãos para as guerras que ele fazia contra alguns países. É nesta atmosfera de segredos, associações excusas e planejamento de golpe político para a derrubada do rei Carlos X do poder que o autor tece a trama, aqui recontada por Miécio Táti (escritor e professor de literatura no Rio de Janeiro).
Trata-se da história de Edmundo Dantès, jovem marinheiro da região de Marselha prestes a se casar com Mercedes quando, por trama de dois homens -- um interessado em seu recente posto de capitão e outro interessado em sua noiva --, vê-se preso em meio a uma intriga política, acusado de ser o portador de uma carta com informações dos movimentos de Bonaparte para retomada do poder e que deveria ser entregue a conspiradores. Assim, na mesma noite em que é capturado, ele é silenciosamente levado ao castelo de If, lugar histórico e real numa ilha na costa de Marselha, e ali permanece por 14 anos. Durante esse tempo, sua transformação é completa, e não enlouquece porque conhece ali o Abade Faria. O religioso é na verdade uma versão romancizada do gênio e da inventividade de homens do gabarito de Leonardo da Vinci, e com os parcos recursos retirados a partir de cuias, pratos, colheres, roupas, gordura de carne e ossos, fabrica material com que registrar suas ideias e seus planos de fuga. Com Edmundo o abade compartilha não só os instrumentos, os planos de fuga e o trabalho de escavação do túnel, mas seu maior segredo: um tesouro imensurável e sem dono, enterrado há séculos na ilha de Monte Cristo -- que, a propósito, é de localização também real. O sonho de possuir o tesouro não segue adiante para o pobre homem: atacado pela doença e pela velhice, ele morre e deixa o mapa do tesouro para o amargurado amigo Dantès, que tem a ideia de colocar o morto em sua cela e ocupar o seu lugar no saco mortuário que seria lançado ao mar.
Desta forma, Dantès foge, trabalha, resgata o tesouro e dá início a uma imperdível aventura em busca de vingança e de justica para cada um dos malfeitores que estiveram envolvidos na prisão de Dantès e consequente infelicidade de Mercedes e morte -- por fome e tristeza -- do pai do misterioso senhor rico e excêntrico que somente no final revela sua identidade. Esse romance de 289 páginas e muitas ilustrações a pena reflete muito bem o clima da época dos anos 30 e 40 do século XIX na França, quando o terror e o medo da intriga e da revolução, deixados como legado pelo ano de 1789 e pelas lutas de Bonaparte, ainda se faziam sentir na mídia e nos salões, e as conversas que realmente importavam eram tidas a portas fechadas ou em vozes baixas, por trás de leques e de cortinados. É assim, pois, que o escritor Alexandre Dumas, pai (seu filho de mesmo nome viria a ser romancista também), constrói personagens de personalidade fraca, como Villefort; muito más e traiçoeiras, como Danglars e Fernando; vis e cruéis, como Benedetto; e honestas, doces e perseverantes, como os Morrel, Valentina e Alberto. Nenhuma delas, porém, é páreo para a personagem Edmundo, que além de perseverante e muito discreto, é mestre em criar todos os disfarces e fazer todas as jogadas políticas e financeiras possíveis para arruinar a vida de cada um de seus inimigos, até que se rendam ou se matem com veneno ou com tiro.
No melhor estilo de capa e espada, numa época em que os duelos lavavam com sangue a honra do indivíduo, Dumas pai soube aproveitar a sua experiência política para criar com sua genialidade literária um romance que facilmente -- e também tristemente -- retrata muitos cenários políticos a que hoje presenciamos, incluindo o nosso próprio.
Fonte de informações sobre o autor: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Dumas,_pai
3 Comentários:
Que livro querido pra mim! Há anos o busco em sebos e nada ainda.
Cris, procure em sebos e lojas virtuais. Veja exemplos:
http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-155645212-o-conde-de-monte-cristo-alexandre-dumas-miecio-tati-abril-_JM; e
http://www.estantevirtual.com.br/gfsantos/Alexandre-Dumas-O-Conde-de-Monte-Cristo-Classicos-da-36471987
Há sempre outros lugares para procurar na internet e, periodicamente, eles aparecem. Foi também assim que consegui muitos livros que eu queria. Boa sorte com sua busca!
Oi Fabiana, não sei se ainda visita seu blog, mas vocês fez um trabalho impecável de resenhar essa coleção toda. Acabei de reler esse livro e vou post meus comentários e um vídeo no meu blog e um link para esse seu blog fantástico. Bjs. Cintia.
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial