Volume 7 - O Último dos Moicanos - James Fenimore Cooper
Há muitas histórias que atravessaram os séculos e continuam famosas até hoje -- algumas mais, outras menos. A coleção Clássicos da Literatura Juvenil é exímia em trazer algumas dessas obras a público. Dessas histórias, porém, nem sempre sabemos o nome do autor imediatamente. Se falamos em A Volta ao Mundo em Oitenta Dias, logo dizemos "Júlio Verne!"; se Dom Quixote, respondemos imediatamente "Cervantes!". Mas eu gostaria de saber se, honestamente, o leitor saberia de pronto a resposta sobre quem escreveu O Último dos Moicanos.
James Fenimore Cooper não é, geralmente, um nome que hoje circula nas salas de aula, ou mesmo nos cursos de graduação de Letras, mas ele foi um dos responsáveis pela formação da tradição literária norte-americana. Nascido no ano em que teve início a Revolução Francesa, e tendo os Estados Unidos declarado sua independência há apenas 13 anos, ele foi um dos 7 irmãos de um total de 13 que sobreviveram ao casal abastado que fundou a cidade modestamente nomeada Cooperstown. Ele passou sua infância e adolescência numa casa de fazenda às margens de terras em que nativos norte-americanos viviam. Sendo assim, antes que chegasse a ir para a Universidade de Yale, em 1803, tinha formado sua história e seu caráter com base no contato com índios, na forte formação religiosa de seus pais, que eram quacres mas que frequentavam outras igrejas protestantes, e nos anos pós-Declaração de Independência.
Suas experiências foram além, e Cooper trabalhou na Marinha, viajou para a Europa e chegou até mesmo a morar lá por 17 anos, mas a formação e as memórias da terra natal não o abandonaram. Debaixo de críticas positivas e muitas negativas -- como foi o caso do autor Mark Twain, que o considerava um péssimo escritor --, Cooper publicou muitas histórias que tratam da formação da nação norte-americana dos brancos de origem britânica, em constante conflito com os nativos e os franceses. Os seus principais trabalhos estão na série de cinco livros conhecidas como The Leatherstocking Tales (As Histórias das Meias de Couro), das quais Os Pioneiros e a primeira e O Último dos Moicanos é a segunda e mais famosa delas.
O Último dos Moicanos foi publicado em 1826, e narra as aventuras e os conflitos de americanos com franceses e índios em um Estados Unidos de 1757. Tratava-se do que os historiadores chama de A Guerra dos Setes Anos, quando França e Grã-Bretanha batalham péla posse e pelo controle das colônias norte-americanas. No norte do país, um soldado é encarregado de transportar, em um território hostil, duas irmãs, filhas de um comandante, ao forte onde o pai se encontra, travando lutas contra os franceses para evitar que mais aquele local caísse no poder dos franceses. Para atravessar o território hostil, o soldado conta com a "orientação" do índio Magua (do original ma-gwah), da tribo dos ferozes huron (e dessa tribo se originou o nome tanto do lago quanto da cidade), mas logo encontra-se com o experiente batedor branco Olho-de-Águia, também conhecido pelos indígenas como Carabina Longa. Na companhia deste estavam Chingachgook, Grande e último Chefe dos moicanos, e Uncas, seu filho, jovem a quem o título do livro se refere. Diante do confronto com dois índios e um experiente viajante de terras nativas, o plano de Magua de orientar a caravana em direção ao inimigo é revelado e ele foge. Junta-se à comitiva de Duncan, das jovens irmãs Cora e Alice Munro, de Olho-de-Águia e dos dois moicanos o religioso David la Gamme, cantor de salmos e hinos que não tem experiência com armas ou combates, mas que ao longo da narrativa vai ganhando destaque e importância para o desfecho da história. Sucede-se uma série de aventuras, confrontos e perigos envolvendo o grupo, que frequentemente se vê vítima de emboscadas indígenas, por trás das quais sempre há a estratégia e a ação de Magua. Este, apaixonado pela filha mais velha do comandante Munro, faz de tudo pala aniquilar o grupo e ganhá-la como prêmio.
A atmosfera é ricamente apresentada pela descrição do ambiente selvagem, desde as florestas úmidas e lagos imensos até as tabas das tribos nas quais os integrantes da comitiva estiveram, e as personagens são destacadas pela sua grandeza, pela coragem, pela bondade e pela honra -- ou, no caso de Magua e de sua tribo, pela crueldade e pela ganância. Com moral cristã, a narrativa exalta a figura do desbravador norte-americano no melhor estilo romântico (embora a história da literatura dos Estados Unidos não seja divida como a nossa, ela guarda algumas características parecidas, pois baseia-se na tradição européia tanto quando a nossa) que, no Brasil, viemos a conhecer, guardadas as devidas proporções e contextos, nos romances indianistas de José de Alencar.O livro é recontado por Miécio Táti, que economiza, em sua adaptação, nas descrições, embora sejam sempre vívidas, e carrega nas ações. Como efeito, o leitor obtém uma narrativa mais condensada e, tal como propõe a série aqui discutida, mais fácil e mais rápida de ler. Táti preserva, porém, o sumo do clima, usando o vocabulário típico deste universo de desbravadores de terras, de exércitos e de índios, e "tomahawk" (machadinha dos índios), "escalpelamento" e "bastião" transmitem com eficiência as ações e as tradições ali vivenciadas pelas personagens.
Embora tenha legado, entre romances, contos, peças de teatro, biografias e narrativas históricas, mais de cinquenta trabalhos, os romances que compõem as histórias Leatherstocking (porque "meias de couro" é algo estranho à nossa cultura e que só conhecemos através de livros ou do cinema -- e, mesmo assim, geralmente se fala em "mocassins"), com destaque a este O Último dos Moicanos, são os mais famosos de James Fenimore Cooper, e ajudaram o autor a se estabelecer como o primeiro grande romancista norte-americano a ser conhecido internacionalmente. Fazem jus à fama as adaptações cinematográficas (cinco nos Estados Unidos, dos anos 1920 aos anos 1990), duas na Alemanha (nos anos 1920 e 1930), e uma britânica, em forma de minissérie, exibida nos anos 1970, além de peças de teatro e de óperas. Ajudou, também, a difundir a visão branca, protestante, americana e de origem anglossaxônica da formação dos Estados Unidos, mas também a romântica visão do desaparecimento dos moicanos -- ou, ainda, estabeleceu como moda cortes de cabelo, que deixaram de pertencer às "tribos" e passaram a ser usados por vários grupos, e que continuam modernos, ainda que preferível fosse herdarmos da cultura e da sabedoria indígena não o estilo, somente, mas o equilíbrio e o respeito à natureza, para que não sofrêssemos hoje as consequências da degradação que viemos causando há tanto tempo ao ambiente e a nós mesmos.
Fonte de informações sobre o autor: http://www.acton.org/publications/randl/rl_liberal_por_482.php
James Fenimore Cooper não é, geralmente, um nome que hoje circula nas salas de aula, ou mesmo nos cursos de graduação de Letras, mas ele foi um dos responsáveis pela formação da tradição literária norte-americana. Nascido no ano em que teve início a Revolução Francesa, e tendo os Estados Unidos declarado sua independência há apenas 13 anos, ele foi um dos 7 irmãos de um total de 13 que sobreviveram ao casal abastado que fundou a cidade modestamente nomeada Cooperstown. Ele passou sua infância e adolescência numa casa de fazenda às margens de terras em que nativos norte-americanos viviam. Sendo assim, antes que chegasse a ir para a Universidade de Yale, em 1803, tinha formado sua história e seu caráter com base no contato com índios, na forte formação religiosa de seus pais, que eram quacres mas que frequentavam outras igrejas protestantes, e nos anos pós-Declaração de Independência.
Suas experiências foram além, e Cooper trabalhou na Marinha, viajou para a Europa e chegou até mesmo a morar lá por 17 anos, mas a formação e as memórias da terra natal não o abandonaram. Debaixo de críticas positivas e muitas negativas -- como foi o caso do autor Mark Twain, que o considerava um péssimo escritor --, Cooper publicou muitas histórias que tratam da formação da nação norte-americana dos brancos de origem britânica, em constante conflito com os nativos e os franceses. Os seus principais trabalhos estão na série de cinco livros conhecidas como The Leatherstocking Tales (As Histórias das Meias de Couro), das quais Os Pioneiros e a primeira e O Último dos Moicanos é a segunda e mais famosa delas.
O Último dos Moicanos foi publicado em 1826, e narra as aventuras e os conflitos de americanos com franceses e índios em um Estados Unidos de 1757. Tratava-se do que os historiadores chama de A Guerra dos Setes Anos, quando França e Grã-Bretanha batalham péla posse e pelo controle das colônias norte-americanas. No norte do país, um soldado é encarregado de transportar, em um território hostil, duas irmãs, filhas de um comandante, ao forte onde o pai se encontra, travando lutas contra os franceses para evitar que mais aquele local caísse no poder dos franceses. Para atravessar o território hostil, o soldado conta com a "orientação" do índio Magua (do original ma-gwah), da tribo dos ferozes huron (e dessa tribo se originou o nome tanto do lago quanto da cidade), mas logo encontra-se com o experiente batedor branco Olho-de-Águia, também conhecido pelos indígenas como Carabina Longa. Na companhia deste estavam Chingachgook, Grande e último Chefe dos moicanos, e Uncas, seu filho, jovem a quem o título do livro se refere. Diante do confronto com dois índios e um experiente viajante de terras nativas, o plano de Magua de orientar a caravana em direção ao inimigo é revelado e ele foge. Junta-se à comitiva de Duncan, das jovens irmãs Cora e Alice Munro, de Olho-de-Águia e dos dois moicanos o religioso David la Gamme, cantor de salmos e hinos que não tem experiência com armas ou combates, mas que ao longo da narrativa vai ganhando destaque e importância para o desfecho da história. Sucede-se uma série de aventuras, confrontos e perigos envolvendo o grupo, que frequentemente se vê vítima de emboscadas indígenas, por trás das quais sempre há a estratégia e a ação de Magua. Este, apaixonado pela filha mais velha do comandante Munro, faz de tudo pala aniquilar o grupo e ganhá-la como prêmio.
A atmosfera é ricamente apresentada pela descrição do ambiente selvagem, desde as florestas úmidas e lagos imensos até as tabas das tribos nas quais os integrantes da comitiva estiveram, e as personagens são destacadas pela sua grandeza, pela coragem, pela bondade e pela honra -- ou, no caso de Magua e de sua tribo, pela crueldade e pela ganância. Com moral cristã, a narrativa exalta a figura do desbravador norte-americano no melhor estilo romântico (embora a história da literatura dos Estados Unidos não seja divida como a nossa, ela guarda algumas características parecidas, pois baseia-se na tradição européia tanto quando a nossa) que, no Brasil, viemos a conhecer, guardadas as devidas proporções e contextos, nos romances indianistas de José de Alencar.O livro é recontado por Miécio Táti, que economiza, em sua adaptação, nas descrições, embora sejam sempre vívidas, e carrega nas ações. Como efeito, o leitor obtém uma narrativa mais condensada e, tal como propõe a série aqui discutida, mais fácil e mais rápida de ler. Táti preserva, porém, o sumo do clima, usando o vocabulário típico deste universo de desbravadores de terras, de exércitos e de índios, e "tomahawk" (machadinha dos índios), "escalpelamento" e "bastião" transmitem com eficiência as ações e as tradições ali vivenciadas pelas personagens.
Embora tenha legado, entre romances, contos, peças de teatro, biografias e narrativas históricas, mais de cinquenta trabalhos, os romances que compõem as histórias Leatherstocking (porque "meias de couro" é algo estranho à nossa cultura e que só conhecemos através de livros ou do cinema -- e, mesmo assim, geralmente se fala em "mocassins"), com destaque a este O Último dos Moicanos, são os mais famosos de James Fenimore Cooper, e ajudaram o autor a se estabelecer como o primeiro grande romancista norte-americano a ser conhecido internacionalmente. Fazem jus à fama as adaptações cinematográficas (cinco nos Estados Unidos, dos anos 1920 aos anos 1990), duas na Alemanha (nos anos 1920 e 1930), e uma britânica, em forma de minissérie, exibida nos anos 1970, além de peças de teatro e de óperas. Ajudou, também, a difundir a visão branca, protestante, americana e de origem anglossaxônica da formação dos Estados Unidos, mas também a romântica visão do desaparecimento dos moicanos -- ou, ainda, estabeleceu como moda cortes de cabelo, que deixaram de pertencer às "tribos" e passaram a ser usados por vários grupos, e que continuam modernos, ainda que preferível fosse herdarmos da cultura e da sabedoria indígena não o estilo, somente, mas o equilíbrio e o respeito à natureza, para que não sofrêssemos hoje as consequências da degradação que viemos causando há tanto tempo ao ambiente e a nós mesmos.
Fonte de informações sobre o autor: http://www.acton.org/publications/randl/rl_liberal_por_482.php
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