Volume 37 - Os irmãos corsos - Alexandre Dumas

Ao retornar à França, Alexandre finalmente conhece Luís de Franchi, mas a situação não é tão feliz: perdido de amor por uma senhora já casada com um grande amigo, Luís se vê diante da tarefa de protegê-la enquanto este seu amigo está viajando a trabalho, mas a senhora, levianamente, apaixona-se por um dos grandes conquistadores da corte francesa. A noite em que Luís resolve travar conhecimento com Alexandre é a mesma em que, para salvar a honra do amigo e de sua esposa, ele é desafiado para um duelo. Embora Alexandre tente dissuadir os padrinhos do oponente, exímio atirador e esgremista, a desistir do duelo -- sem, é claro, que Luís tenha pedido ou saiba desta intervenção --, nada o demove de "limpar sua honra" e, dois dias depois, pela manhã, os dois oponentes vão à floresta de Vincennes para acertarem as contas. O grande senão deste episódio é que Luís já sabia de sua morte certa, pois na noite anterior havia recebido a visita do pai, que viera para lhe avisar de que seria morto no da seguinte. Assim, antes que se dirija ao duelo, escreve uma carta à sua mãe contando-lhe que havia sido acometido de uma febre cerebral e que, á altura em que ela recebesse a missiva, ele já estaria morto. Uma vez tendo resolvido seus negócios, parte corajosamente em direção à sua morte, tendo feito seus padrinhos, Alexandre e um amigo corso que vivia em Paris, jurarem que não contariam a Luciano sobre o duelo, pois este desejaria ir à desforra e correria o risco de morrer também.
A tentativa de Luís, porém, é vã: sequer uma semana inteira se passa antes que Luciano, o corso que jurara não sair jamais da Córsega, bata às 11 horas da noite em casa de Alexandre, certo da morte do irmão. Não havia, contudo, recebido a carta enviada por Luís, e sim recebido o aviso do próprio irmão. Explica ao escritor que, no dia e no minuto em que Luís fora morto, ele sentiu o impacto da bala no tórax e desmaiara. Ao se levantar, olhou para o próprio corpo e constatou as manchas por onde a bala teria entrado, de um lado, e saído, do outro. Chegara em casa somente tarde da noite e vira luz no quarto de seu irmão, e encontrara uma vela acesa. Sobre a cama, vira seu irmão agonizando, com o ferimento sangrando. Finalmente, em sonho, seu irmão lhe dissera exatamente o que acontecera, onde, quando, como o motivo gerador da disputa. Resoluto, avisara à mãe de que iria à Paris para desafiar para um duelo o homem que covardemente assassinara o irmão, porque era conhecedor de que Luís jamais havia tocado em arma alguma até o momento do duelo.
A segurança de Luciano de Franchi é inabalável e é reforçada pelo fato de que, na noite antes do duelo, não recebe a visita de nenhum parente morto. Certo de sua vitória, ele parte exatamente ao mesmo local na floresta onde seu irmão fora morto, sem que para isso ninguém precise lhe indicar o caminho. Ali, ele usa a mesma pistola usada pelo irmão e, finalmente, dá cabo do conquistador que matara Luís uma semana antes, para então cair desalentado e dizer a Alexandre que o irmão finalmente havia sido vingado.
Novamente, um final seco é apresentado ao leitor, mas neste caso, não há pontas soltas na história. Mais do que o final se ajustar ao enredo, o que interessa, particularmente, é o quadro que o narrador descreve, e as oposições entre a França e a Córsega. O questionamento é velado, mas está ali: será que os impetuosos corsos, com sua arraigada cultura da clara e honesta vendetta, eram tão repreensíveis assim, quando em Paris o escândalo, a difamação, a intriga e a covardia eram capazes de dar cabo da vida de um jovem promissor que nada fizera para merecer morrer? No apagar dos lampiões, em pleno desenvolvimento do século XIX, o tão chamado Século das Luzes, Paris é que aparece, nesta história, maculada e culpada.
Fonte de informações sobre o autor: http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Dumas,_pai